sábado, 19 de fevereiro de 2011

Logun Edè rouba segredos de Osalà



Logunede era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso.

Era um caçador pretensioso e ganancioso,

e muitos os bajulavam pela sua formosura.

Um dia Oxalá conheceu Logun Edè

e o levou para viver em sua casa sob sua proteção.

Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão.

Mas Logun Edè queria muito mais, queria mais.

E roubou alguns segredos de Oxalá.

Segredos que Oxalá deixara à mostra,

confiando na honestidade de Logun.

O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô.

Deu as costas a Oxalá e fugiu.

Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição

do caçador que levara seus segredos.

Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer

e muito calmamente sentenciou

que toda a vez que Logun Edè usasse um dos seus segredos

todos haveriam de dizer sobre o prodígio:

"Que maravilha o milagre de Oxalá!".

Toda a vez que usasse seus segredos

alguma arte não roubada ia faltar.

Oxalá imaginou o caçador sendo castigado

e compreendeu que era pequena a pena imposta.

O caçador era presumido e ganancioso,

acostumado a angariar bajulação.

Oxalá determinou que Logun Edè fosse homem

num período e no outro depois fosse mulher.

Nunca haveria assim de ser completo.

Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça,

e noutro tempo, no rio, comendo peixe.

Nunca haveria de ser completo.

Começar sempre de novo era sua sina.

Mas a sentença era ainda nada

para o tamanho do orgulho do Odè.

Para que o castigo durasse a eternidade,

Oxalá fez de Logun Edè um orixá.

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