sábado, 19 de fevereiro de 2011

Lenda de Logunedé





Olorun ao criar o mundo dividiu os reinos entre os orixás. No inicio tudo corria muito bem até que Oxum e Oxóssi começaram a se desentender. As águas doces, durante as cheias, invadiam as matas e tornavam tudo um grande lodaçal. Oxóssi não podia admitir isso, as plantas e animais morriam sem que ele pudesse fazer nada. Procurou por Oxum inúmeras vezes para que ela tomasse uma atitude, em vão. Olorun que a tudo assistia resolveu separar definitivamente os reinos para acabar com as brigas que estavam cada vez mais acirradas. Pouco tempo durou a tranqüilidade do caçador, aos poucos a vegetação foi minguando e a caça sumindo em virtude da falta de água. Resolveu então procurar o Criador pedindo que ele fizesse algo. Olorun argumentou que ele mais nada poderia fazer, já havia tomado uma decisão e não voltaria atrás. A única saída que via para o impasse seria as pazes entre os reinos, que ele procurasse por Oxum e pedisse trégua. Foi o que ele fez. A principio a mãe das águas recusou-se terminantemente a colaborar, se tudo aquilo estava acontecendo era por culpa dele próprio, afinal era sempre ele quem reclamava. No entanto a insistência de Oxóssi tornou-se insuportável, não havia um só dia em que ele não a procurasse. Cansada da velha discussão, cedeu. Assim passaram a conviver harmoniosamente. Com a união de seus reinos a proximidade de ambos aumentou e com ela veio o amor. Os orixás apaixonaram-se loucamente e dessa paixão nasceu Logunedé, uma criança linda que tinha a beleza da mãe aliada à força e valentia do pai. O menino crescia feliz dividindo-se entre os reinos de seus pais quando nova briga instalou-se. Desta vez não houve como apaziguar os ânimos, a separação era definitiva. Havia a criança, como resolver a questão da guarda? Procurado como o grande juiz que era Olorun cravou o veredicto, que ela ficasse seis meses com cada um. Ambos brigaram muito, reclamaram, acharam absurdo, mas contra a determinação não havia o que fazer e tiveram que aceitar. É por isso que Logunedé até hoje vive seis meses ao lado de sua mãe nas profundezas das águas dos rios, cercado de mimos e atenção e outros seis ao lado do pai, quando se torna um grande caçador e controla a vida animal e vegetal das matas.


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