sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Festa do Inhame -


Olofin, rei de Ifé, resolveu preparar uma grande comemoração em seu reino para alegrar seus súditos que andavam muito tristes. Seria a festa do inhame. Os festejos deveriam ser grandiosos e durar muitos dias para que todos comessem e bebessem até se fartar. A cidade tornou-se colorida. Vinha gente de muito longe para participar da festividade. Há muitos anos nada se fazia ali, nem mesmo parecido com o que era anunciado. Num descuido imperdoável, o rei em sua euforia esqueceu-se de algo muito importante. Deixou de convidar as Ia Mi Oxorongá, as mães feiticeiras, bruxas poderosas, donas de grandes pássaros maléficos que ao serem soltos causavam doenças e morte por onde sobrevoassem. Enraivecidas por terem sido ignoradas, resolveram vingar-se do rei. Ao romper do dia marcado para o inicio das comemorações mandaram um de seus pássaros gigantes para a cidade. Este pousou sobre o palácio e lá ficou observando tudo que se passava, esperando que a festa começasse para sobrevoá-la, espalhando assim, a morte. Era tão grande a ave que a cidade ficou escura com a sombra que dela se projetava. O rei ficou indignado. Aquilo acabaria com sua festa e sua grande idéia se tornaria um fracasso. Mandou, então, que se convocassem os melhores caçadores do reino para que eliminassem o intruso. Dezenas de caçadores apresentaram-se com suas flechas e tentaram durante dias matar a ave agourenta. Sem sucesso. O peito do pássaro parecia de aço. Todas as flechas lançadas contra ele vergavam e caiam no chão sem causar-lhe dano algum. Olofin, a cada fracasso, ficava mais irritado e ordenava que cada caçador, pela sua incapacidade, fosse morto imediatamente. Após vários dias de tentativa apareceu Oxotokanxoxô, um jovem caçador que tinha somente uma flecha, mas que mesmo assim se propunha a acabar com o problema. Todos riram diante de tanta audácia, mas o rei aceitou a oferta dizendo-lhe que se não conseguisse seria morto como todos os outros. O rapaz confiante disse: – Se eu não conseguir, que me façam em pedaços. A mãe do jovem, que estava presente, ficou desesperada e foi consultar o babalaô para saber de que forma poderia ajudá-lo. O adivinho lhe disse que seu filho estava a um passo da morte ou da riqueza, mas que ela tentasse fazer uma homenagem às feiticeiras e rezar para que elas a aceitassem. Seguindo o conselho que o homem lhe dera, sacrificou uma galinha, ofereceu-a as bruxas e abrindo seu peito colocou-a em campo aberto gritando: – Que o peito do pássaro aceite este presente! Nesse exato momento Oxotokanxoxô disparou sua única flecha. O pássaro distraiu-se com o grito da mulher e, contente com o presente, abriu as asas deixando o peito descoberto. Sendo acertado em pleno coração pela flecha do rapaz, caiu morto instantaneamente. O rei, satisfeitíssimo com o sucesso do trabalho, presenteou o rapaz com uma grande fortuna e ordenou que todos o tratassem como herói. E o povo cantou e dançou em homenagem ao rapaz gritando sempre “Oxóssi”, que quer dizer o caçador Oxô tem muita sorte.

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